Esclarecimentos
POR ZOUAIN - 18º-A CONTINGENTE EM COLABORAÇÃO COM THEODORO - 10º CONTINGENTE
Prezado Companheiro Boina Azul ou Simpatizante do Batalhão Suez:
Gostaríamos que você “entrasse” no mapa que segue,
é muito importante escrever, ou ler, sobre algum lugar “estando” lá.
Se for possível MEMORIZE o mapa, pois quando ler o livro (Histórias de Suez – aventuras dos nossos soldados), como também os outros livros, ou escritos sobre o Batalhão Suez, viverá as histórias com mais realidade, se situando nos diversos locais da Faixa de Gaza, onde você, ou algum amigo, viveram suas inesquecíveis aventuras de Suez.
OBSERVAÇÃO
IMPORTANTE AOS OS LEITORES QUE NÃO ESTIVERAM LÁ: |
A palavra “SUEZ
no complemento do nome “Batalhão” era uma espécie de “nome fantasia”
do Batalhão Brasileiro, ou BATALHÃO SUEZ, ou seja, nada tem a ver com o Canal
de Suez, que distava do nosso Batalhão uns 200 a 300 quilômetros.
Existem no mapa, alguns pontos principais como as cidades: Gaza, Khan Yunes e Rafah City. Depois vem o Batalhão e Rafah Camp... mais na frente falaremos da “Fronteira”.
Na minha época ( 1966/67 – 18ºA Contingente ), existiam 7 países integrantes: Canadá, Suécia, Noruega, Dinamarca... Iugoslávia, Índia e Brasil.
Os 4 primeiros eram, podemos dizer, “Forças Especiais”, pois cuidavam da manutenção de tudo. Os canadenses eram técnicos em todo tipo de maquinaria. A Noruega e Dinamarca ficavam por conta da saúde. E os suecos por conta da burocracia.
Os três países restantes: Índia, Brasil, e Iugoslávia,
eram os responsáveis pela segurança, os “Guardiões
das Fronteiras” da Faixa de Gaza... é mais ou menos isto que citei,
muito embora as funções também se misturassem, pois existia um certo número,
não muito grande, de brasileiros, Indianos e Iugoslavos nos serviços
especiais.
Gaza – Era a maior cidade da região, distava uns 40 a 50 quilômetros do Batalhão Brasileiro, lá ficava o Quartel General da ONU, ou UNEF. Trabalhavam lá militares dos 7 países sendo que a Suécia possuía o maior número.
Khan Yunes –
Não importa no momento, pois não haviam tropas lá. Trata-se de uma pequena cidade, local de referência entre Gaza e
Rafah. Aparece nas observações do companheiro
Theodoro, mais na frente.
Rafah City
– Era bem próxima do nosso Batalhão e lá moravam 90% dos árabes (os
habibes) que trabalhavam para a ONU nos diversos Batalhões dos 7 países,
inclusive o Brasil.
Batalhão
– Na verdade seu nome era Campo
Brasil, mas era tratado por todos como “Batalhão”. Lá ficava o
Quartel General do Brasil, e a CCS
( Companhia de Comando e Serviços) responsável pela manutenção do Batalhão
Brasileiro, podemos até dizer que a CCS era a nossa “força especial”:
burocracia, saúde, comunicações, transportes, etc...
Rafah Camp
– O coração da ONU na Faixa de Gaza. Imensa área, como se fosse uma pequena
cidade, com serviços diversos de: mantimentos, transportes, engenharia, combustíveis,
energia, água, esportes, saúde/hospital, enfim uma infinidade de coisas das
quais você poderá obter mais informações visitando o Site.
Em
Rafah Camp, além das inúmeras instalações essenciais para o funcionamento da
UNEF, ou ONU na Faixa de Gaza, existiam duas Cias brasileiras:
8ª Cia
– A responsável pela segurança de Rafah Camp, que era toda cercada de
concertina ( aquele arame farpado enrolado), patrulhando noite e dia, com
viaturas e várias torres de observações que circundavam a grande área, além
da guarda no portão principal, o Main
Gate.
7ª Cia
– Cujo PC ( Posto de Comando) se situava no Fort
Worthington. Os outros Pelotões da 7ª Cia ficavam na Fronteira: Santa
Catarina, Rio Grande do Sul,
Fort Robinson e Fort
Saunders. Os Pelotões distavam uns dos outros alguns quilômetros,
sendo que o Fort Robinson era muito
distante, e o Fort Saunders, muito, muito mais distante.
OBS:
Os três “Forts” citados pertenciam aos Canadenses até 1965, quando
passaram a incorporar ao Batalhão Brasileiro até a Guerra dos Seis Dias, em
junho de 1967. O Fort Saunders, antes de ser incorporado ao Brasil, passou um
período com a Iugoslávia.
A 9ª Cia
ficava totalmente na Fronteira com os Pelotões Rio de Janeiro que era o seu PC ( Posto de Comando), e o
Pelotão Paraná.
Fronteira
– Se fizermos
uma linha vertical mais ou menos no meio do mapa, vamos dividir a Faixa de Gaza
em duas partes distintas:
Do lado esquerdo, o mar Mediterrâneo, e
os locais mais habitados, como: as cidades, o Batalhão, Rafah Camp, etc...
Do lado direito os Pelotões Brasileiros,
situados nos desertos de Negev e do Sinai, por isso podemos dizer que existiam
duas fronteiras: da ADL e da IF.
A Fronteira era o local, digamos assim, “barra pesada” da Missão Suez, tanto é que os soldados brasileiros, normalmente os “capetas” (calouros), ficavam lá na primeira metade da sua Missão, e a outra metade, “promovidos” a “antigos”, ficavam ou no Batalhão ou no Fort Worthington.
O deserto de Negev
era mais plano, enquanto que o Sinai
era mais acentuado, cheio de dunas altas. O limite dos dois desertos era o PO
19, onde terminava a ADL (vala que dividia a região da ONU com Israel) que
ficava no Negev. O Sinai era também denominado de IF ( fronteira
internacional).
Observando o mapa vemos os Pelotões de Fronteiras do Batalhão Brasileiro, começando na parte superior da figura com o Pelotão Rio de Janeiro, passando por Paraná, Sta Catarina, Rio G. do Sul, Fort Robinson, e terminando na parte inferior, da figura, com o Fort Saunders.
Ao Norte
do Pelotão Rio de Janeiro ficava o Batalhão Indiano, nosso vizinho do lado
norte, que tinha no decorrer da ADL seus Pelotões.
Ao Sul
do Fort Saunders ficava o Batalhão Iugoslavo, nosso vizinho do lado sul.
Logo, está mais ou menos explicado a função dos três países Guardiões das Fronteiras: Índia, Brasil, e Iugoslávia. Agora, os detalhes, que são infinitos, estão nos livros e nos diversos escritos sobre Suez, muitos deles encontrados no Site.
OBSERVAÇÕES
DO T |
...
que serviu na 9ª Cia, no 10º Contingente no ano de 1962:
Antes de 1965, era outra a disposição do Batalhão
Brasileiro, em especial a 9ª Cia, que até então, era a que tinha maior área
na Fronteira do deserto do Negev, para guarnecer e Patrulhar. Naquela época o
Brasil ainda não tinha Pelotões no deserto do Sinai.
Até antes de 1965 era da alçada da 9ª Cia, além do Pelotão Rio de Janeiro (PC da Cia.), também da sua responsabilidade o Pelotão Pernambuco que tinha aos fundos e bem próximo, a cidade de KHAN YUNES, e o Pelotão Guanabara que ficava além de Khan Yunes, e já próximo a cidade de Gaza.
Com o remanejamento da UNEF, a 9ª Cia cedeu os Pelotões
Guanabara e Pernambuco para a responsabilidade do Batalhão INDIANO,
nosso vizinho de fronteira norte.
Em compensação o Brasil assumiu, então, as novas
funções e também os Forts: Worthington, Robinson, e Saunders passando a
diminuir o efetivo e a área de responsabilidade da 9ª Cia, em contrapartida,
aumentando a da 7ª Cia.
Um remanejamento interno, devemos salientar, sobre o
Pelotão PARANÁ, que até 1965 pertencia a 7ª Cia. E nesse remanejamento
passou para a 9ª Cia.
Quero aproveitar as observações do “grande
companheiro Theodoro”, para falar sobre a palavra “Contingente”. Foram
20 Contingentes que participaram da Missão Suez entre 1956 e 1967, e que
chegavam a cada 6 meses na Faixa de Gaza.
Na verdade o “Contingente” é o nosso ponto de
referência quando conversamos com algum companheiro sobre o Batalhão Suez:
-
Qual
o seu Contingente?
-
No
seu tempo havia isso ou aquilo?
-
No
meu aconteceu tal coisa!
Normalmente os companheiros de Suez que não se conheceram lá, tem esse tipo de começo de conversa. Durante aqueles anos, o Batalhão Suez foi sofrendo modificações das mais diversas formas, por isso cada Contingente tem a sua GRANDE HISTÓRIA.
OBS.FINAL
: Com a chegada do 20º Contingente, que viria para uma remodelação total e
comportamental, incluindo-se os dispositivos e sub-unidades, foi extinta a 9ª
Cia.
Você que
esteve lá e não se lembra direito, pois se passaram muitos anos, aproveite
para reviver, e você que não esteve, poderá ir se situando nos diversos
locais através do mapa, e aos poucos memorizando,
cada um deles, até “entrar” de vez na Faixa de Gaza,
entender a nossa Missão, e se tornar um dos nossos! Boa sorte e um abraço!
Zouain