A Nossa Participação - 2


 
Península do Sinai/Faixa de Gaza/Palestina.

CONTINUAÇÃO:

   A missão da forças de paz estabelecida na Faixa de Gaza e ao longo da A.D.L. - linha de demarcação do armistício, isto é, a fronteira física e política entre Israel e Egito, eram observar e patrulhar a área, evitando que elementos árabes ou judeus cruzassem a linha demarcada na fronteira. A par da função precípua da UNEF, tinham ainda o papel de assistência social, onde era rotina a distribuição de água e também alguns remédios àquela população pobre.   

Os sentinelas que trabalhavam no P.O. (posto de observação avançados) dispunham de armas leves apenas para autodefesa, além de binóculos e telefone. 

 

    

 

                               

 

 

       Os efetivos das Forças de Paz não participariam do conflito existente, apenas observariam as duas partes conflitantes: árabes e judeus. E assim se deu durante os dez anos de atuação da U.N.E.F. na área.
        Não foi fácil cumprir a missão devido a uma série de dificuldades encontradas na área: 
        - choque psicológico pela troca da pátria pelo país estrangeiro com paisagens natural e humana bem diferentes; 
        - dificuldades em se expressar no idioma estrangeiro; 
        - variações climáticas rigorosas, com temperaturas que oscilavam entre os 50º graus centígrados (de dia) e O grau (à noite), além das tempestades de areia; 
        - ingestão de água salobra (água do mar tratada); 
        - área das mais endêmicas do mundo: lepra, tuberculose e tracoma, entre outras doenças, o que obrigava os efetivos se submeterem a uma bateria de vacinas para imunização; 
        - existência de escorpiões, víboras e outros animais peçonhentos. 
        - precários alojamentos em barracas de lona, sujeitos às intempéries; 
        - campos minados, sem o mapeamento devido para permitir deslocamentos em viaturas ou a pé, com segurança; 

MINA ANTI-TANQUE


        - hostilidade de muitos refugiados que habitavam a área; 
        - permanente insegurança ante ações de ladrões comuns; 
        - insistência de algumas facções árabes em se aproximar da fronteira (A.D.L.) obrigava as sentinelas dos P.Os, e as patrulhas da UNEF a redobrarem a vigilância, o que tornava o trabalho mais cansativo; 
        - incursões da força aérea israelense, muitas vezes seguidas de bombardeio; perigo iminente de agravamento do conflito.

 

        Dentro desse quadro, Batalhão Brasileiro recebeu missões diversas. Na LDA vigiava 32 Km, com duas Cias de Fuzileiros. A rotina da missão de paz resumia-se no seguinte: de dia vigiava-se o “front” com postos de observação com sentinelas em pontos estratégicos e espaçados e pequenas patrulhas motorizadas. A noite transformava-se em patrulhas a pé, onde cada pelotão fornecia duas patrulhas, uma das 18 horas às 24 horas e a outra das 00 horas às 06 horas. Esse serviço de patrulha a pé era pesado. Cada patrulha tinha o itinerário distante caminhava em formação por quase, ininterruptamente, durante 6 horas consecutivas por serviço, no verão ou no inverno, caminhando sobre a areia. O patrulheiro tirava esse serviço, numa média, a cada a 3 vezes por semana. Uma terceira Cia.de fuzileiros, servia no QG, do Batalhão Brasileiro, guarnecendo as instalações e pronta para receber outras missões. Finalmente a Cia Comando e Serviços (CCS) - tinha seu PC justaposto ao do Batalhão Brasileiro composta de pessoal da área de saúde, mecânicos, motoristas, burocratas, e outras especialidades. 

        A eficiência brasileira pode ser atestada por um detalhe: nossa quota de fronteira na L.D.A. era maior, o dobro, que as entregues aos Suecos e Indianos, enquanto tínhamos um efetivo menor, 425 homens. Suecos e Indianos tinham 1.300 homens cada, e, nenhuma ordem deixou de ser cumprida pelo Brasil. O reconhecimento dessa afirmativa foi oficializado pelo General Indiano, que comandou a última força da UNEF, no ato da entrega de medalhas, no Porto de Ashdod, disse que os brasileiros eram os que mais mereciam a condecoração.

 

        A presença da UNEF em território egípcio por longos dez anos foi justificada pelo pedido do presidente Nasser para retirada imediata das Forças de Paz, buscando garantir a soberania da nação e capacidade de defender o território egípcio e confrontar-se com Israel.

        Apoiado nas informações russas sobre Israel, e com o espírito carregado do ódio ancestral, disse na televisão que soara a hora da grande “limpeza”.Como até então a UNEF gozava de sua hospitalidade, dirigiu-se a ONU solicitando a retirada das tropas do território egípcio. A 19 de maio, o Secretário Geral Uthan, depois de con­trovertido debate em reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova lorque, sede da ONU, atendeu ao pedido de Nasser, com uma diferença: determinou que a UNEF fosse evacuada, não apenas do território Egípcio, mas também da península do Sinal, o que equivale dizer: extinção daquela Força. No dia 17 de maio de 1967, o Presidente Nasser, do Egito, mobilizou seu país, que contava também com a Síria, a Jordânia e o Kuwait, como aliados de guerra. Entretanto, eram outros os planos em Tel-Aviv (Israel). No dia 05 de junho de 1967, às 09:00 horas da manhã, os judeus começaram o ataque ao Egito e seus aliados; era uma atitu­de relâmpago, colocando no ar, uma aviação de rara eficiência, numa guerra que durou apenas seis dias e impôs aos árabes uma fragorosa derrota pelo pequeno e bem equipado exército e força aérea de Israel.        

        Os preparativos para retirada da tropa brasileira começaram, uma vez que estava garantida a permanência até o dia 21 de junho de 1967, como hóspede do Egito. Com o início da guerra dos seis dias, os brasileiros se viram cercados por fogo cruzado, e não puderam retirar-se de imediato, o que somente foi possível oito dias depois, a 13 de junho de 1967. 
E tudo aconteceu conforme as escrituras. Cabelos curtos. Uniformes limpos. Moral elevada. Disciplina de exportação. Chegando ao Brasil, a tropa foi desmobilizada, os soldados foram recebidos no Rio Grande do Sul, como heróis num regresso de guerra. 

        Suas atuações neste conflito árabe-israelense foram consideradas "Serviço Nacional Relevante" pelo governo federal através do Decreto nº 43.800, de 23 de maio de 1958. 
Cerca de 6.000 brasileiros integraram o Batalhão Suez, de vários estados da federação, entre eles destacando-se perto de 700 paranaenses. Todos se sentem orgulhosos por terem representado nosso querido Brasil. 

        Os escolhidos pelo Comitê Nobel da Noruega para receber o Prêmio Nobel da Paz - 1.988, foram as Forças de Paz da ONU, que engloba todos os grupos de militares e civis de diversos países, que a mais de 40 anos patrulharam as regiões de conflito em todo o mundo e o Batalhão Suez está inserido nessa comenda. 
O prêmio recebido em 10 de dezembro de 1988 foi considerado pelo então Secretário Geral da ONU, Javier Perez de Cuellar, como um tributo ao idealismo de todos aqueles que serviram esta organização em especial ao valor e sacrifício daqueles que contribuíram para as operações de paz até 1988. 
Até 1988 cerca de 500 mil pessoas participaram como integrantes das Forças de Paz, 733 morreram servindo, 58 países contribuíram para a formação das tropas, dos quais 35 países participaram efetivamente até aquele momento.

        Em publicação no jornal Folha de São Paulo, do dia 30 de setembro de 1988, evidenciou-se a participação das Forças de Paz da ONU quanto ao recebimento do Prêmio Nobel da Paz - 1988, cujo evento representou a consolidação da importância da missão cumprida.

 


NOSSA COMUNICAÇÃO


O serviço inestimável de rádio da nossa PTA. 2, nossa estação RAD.400, que dirigida pelo Maj. Inf. Wilson da Silveira Brito (e mais tarde por seu irmão, o Maj.Art. Natalino da Silveira Brito), conseguiu a ligação diária para o QG do nosso Exército no Rio de Janeiro (a 16.000 Km), em grafia e em fonia, de que toda a tropa se beneficiava, foi uma grande ajuda, graças à retransmissão para as capitais estaduais. 

UM SAPADOR - Gen. Luiz G. S. Lessa 
Faz tempo. Mais exatamente 32 anos. Uma vida. Todavia, apesar dos detalhes um tanto esmaecido.

 


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