ONU
MANUTENÇÃO DA PAZ |
Os soldados da paz das
Nações Unidas. que usam os inconfundíveis capacetes azuis da ONU, são
enviados pelo Conselho de Segurança, a fim de ajudar a aplicar os acordos de
paz, vigiar o cessar-fogo, patrulhar zonas desmilitarizadas, criar zonas-tampão
entre as forças adversárias, e suspender os combates, enquanto os negociadores
procuram encontrar soluções pacificas para os diferendos. Mas, em última análise,
o êxito da manutenção da paz depende do consentimento e da cooperação das
partes em conflito.
A ONU não
possui um exército. São os Estados Membros que, voluntariamente, fornecem
soldados e equipamento para cada operação de manutenção da paz, recebendo
por isso uma compensação do orçamento especial destinado a esse fim. Membros
da policia, observadores de eleições, responsáveis pelo acompanhamento da
situação em termos de direitos humanos e civis trabalham, por vezes, ao lado
do pessoal militar, nas operações de manutenção da paz. Possuindo armas
ligeiras, que só podem utilizar em sua própria defesa - ou muitas vezes até
sem estarem armados - os soldados da paz têm na imparcialidade a sua arma
mais forte. Contam com a persuasão e o uso mínimo da força para reduzir as
tensões e impedir os combates. E uma atividade perigosa — mais de 1580
militares e civis morreram no desempenho da sua missão em operações de paz
desde 1948.
Qual a esfera de ação
da manutenção da paz da ONU?
Desde 1948,
houve 49 operações de manutenção da paz das Nações Unidas. Estão atualmente
em curso 14. Trinta e seis operações foram criadas pelo Conselho
de Segurança, entre 1988 - ano em que foi concedido o Premio Nobel da Paz ás
operações de manutenção da paz da ONU - e Junho de 1999.
Quem é responsável
pelas operações de paz?
São os 15
Estados Membros que fazem parte do Conselho de Segurança - e não o Secretário-Geral
- que criam e definem as missões de manutenção da paz. A Carta das Nações
Unidas determina que cabe ao Conselho a responsabilidade primordial pela manutenção
da paz e da segurança internacionais. Os cinco membros permanentes do Conselho
- a China, os Estados Unidos, a Federação Russa. a França e o Reino Unido -
podem vetar qualquer decisão sobre operações de manutenção da paz.
Os soldados que
integram as missões de manutenção da paz não juram fidelidade às Nações
Unidas. Os governos que voluntariamente os dispensam negociam cuidadosamente as
condições da sua participação e detêm, em última análise, a autoridade
sobre as suas forças militares que prestam serviço sob a bandeira da ONU,
mesmo no que diz respeito a assuntos disciplinares ou de pessoal, podendo
retirar os seus homens, se assim o entenderem. Os soldados integrados nestas
operações usam os seus uniformes nacionais. Para serem identificados como
soldados da paz, usam também capacetes ou boinas azuis e a insígnia da ONU.
Quanto
custa manter a paz?
Todos os Estados
Membros são obrigados a comparticipar nas despesas, com base numa fórmula que
mereceu previamente a sua concordância. Mas, a 1 de Maio de 1999, os Estados
Membros deviam à ONU 1600 milhões de dólares de contribuições - atuais e
em atraso - para as operações de paz. O maior devedor é os Estados Unidos,
com uma divida de 1010 milhões de dólares.
Qual a compensação
que recebem os elementos das forças de manutenção da paz?
Os soldados da paz são
pagos pelos seus próprios governos, segundo o posto que ocupam nas forças
armadas do seu pais e a respectiva escala de salários em vigor. Os países que
fornecem voluntariamente pessoal para as operações de manutenção da paz são
reembolsados pela ONU a uma razão de cerca de 1000 dólares mensais por cada
soldado. As Nações Unidas reembolsam também os países pelo equipamento. Mas
os reembolsos são muitas vezes adiados, devido a crises de tesouraria,
provocadas pelo não pagamento das contribuições por parte dos Estados
Membros.
Quem contribui com
pessoal e equipamento?
Todos os Estados
Membros partilham o risco de manter a paz e a segurança. Desde 1948, 118 nações
contribuíram com pessoal, em diversas ocasiões; 74 países contribuem atualmente. Em 31 de Maio de 1999, os que mais contribuem com tropas nas missões
em curso são: Polônia (1052 soldados); Bangladesh (866); Gana (774); Índia
(768); Áustria (730); Irlanda (694); e Argentina (677). A pequena ilha de Fidji
tem participado em virtualmente todas as operações de paz, assim como o Canadá.
Até países que não são membros da ONU já contribuíram; a Suíça, por
exemplo, dá dinheiro, unidades médicas, aviões e outro equipamento.
Por que razão é a
manutenção da paz um “bom negócio’?”.
Os custos da manutenção
da paz são mínimos, se comparados com os de um conflito, da perda de vidas
humanas e dos prejuízos materiais. De cada dólar que todos os governos do
mundo gastaram com atividades militares, em 1997, menos de um quarto de um cêntimo
se destinou às operações de manutenção da paz da ONU. O contributo dos
Estados Unidos para tais operações, em 1998, foi de 284,5 milhões de dólares,
ou seja, um pouco mais de 1 dólar por cidadão norte-americano.
Há alguma diferença
entre imposição e manutenção da paz?
São duas coisas
diferentes, que não se devem confundir. A manutenção da paz pelas Nações
Unidas conta, tradicionalmente, com o consentimento das partes em conflito e
implica o envio de tropas, cuja missão é aplicar um acordo aprovado pelas
partes.
No caso das ações militares que se inserem no conceito de Imposição da paz, o Conselho de
Segurança outorga aos Estados Membros autoridade para tomarem todas as medidas
necessárias para alcançar um determinado objetivo. O consentimento das partes
não é obrigatoriamente necessário. Foi um processo usado apenas nuns quantos
casos - na guerra do Golfo, na Somália, no Ruanda, no Haiti, na Bósnia e
Herzegovina e na Albânia. Nenhuma destas operações foi levada a cabo sob o
controle da ONU. Foram dirigidas por um único país ou por um grupo de países.
Uma força multinacional, chefiada pela NATO, levou a cabo com êxito a operação
de manutenção da paz na Bósnia e Herzegovina.
As disposições da
Carta das Nações Unidas sobre a manutenção da paz e da segurança são a
base das operações tanto de manutenção como de imposição da paz.
O que frustrou algumas
missões recentes de manutenção da paz?
O principal problema
foi a recusa das partes em conflito em procurar soluções pacificas. Outro
grande problema teve que ver com a não disponibilização de recursos
suficientes pelos Estados Membros. Muitas vezes, as forças de manutenção da
paz foram incumbidas pelo Conselho de Segurança de tarefas gigantescas, sem que
lhes tenham sido dados os meios necessários para as levarem a cabo. Eis dois
exemplos recentes:
Em 1994, o Secretário-Geral
informou o Conselho de Segurança de que os comandantes das forças de manutenção
de paz precisavam de 35.000 soldados para deter os ataques nas “zonas de
segurança” na Bósnia e Herzegovina, criadas pelo referido Conselho. Os
Estados Membros autorizaram o envio de apenas 7.600 e levaram um ano a colocá-los
no terreno.
Em 1994, em relação
ao Ruanda, perante as provas evidentes de genocídio, o Conselho de Segurança
decidiu por unanimidade que era necessário um contingente de 5.500 homens. Mas
os Estados Membros demoraram seis meses a disponibilizar tais soldados, apesar
de 19 governos se terem comprometido a manter 31.000 soldados preparados para
participar a qualquer momento em operações de manutenção de paz da ONU.
Para mais informações,
consulte o site sobre operações de manutenção de paz das nações Unidas em www.un.org/Depts/dpko/dlko/home
bottom.htm
Publicado pelo
Departamento de Informação Pública das Nações Unidas