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- A situação entre o Egito e Israel, agravada após o pedido de retirada da UNEF a l6 mai – retirada esta que se executou com o abandono do PO a l9 e dos campos e fortes na ADL e IF a 20 - tornou-se crítica com a reunião de grandes efetivos e equipamentos bélicos, por parte do Egito, na região do Sinai e da Faixa de Gaza.
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- A tropa brasileira, recolhida aos Campos Brasil e Rafah, desincumbia-se de suas últimas tarefas e preparava sua viagem de regresso, enquanto assistia, nas suas imediações mesmo, à intensificação dos preparativos
militares egípcios, tomava conhecimento, através de noticiários radiofônicos, da mobilização geral de Israel.
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- Tudo indicava o desencadeamento da guerra, mas a UNEF, apoiada nas garantias de retirada tranqüila fornecida pelo governo da RAU, prosseguia na execução de seu planejamento de abandono da área, o qual previa a partida do Btl. Brasileiro a l8 de jun de Rafah e a 20 de junho de Port Said.
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- A primeira indicação do rompimento de hostilidades foi a passagem, em vôo rasante, sobre o Campo Brasil, por volta de 09h de 5 de jun, de um avião israelense, no rumo de El Arish.
- A isto se seguiram, pouco depois, notícias radiofônicas que informavam o bombardeamento do Cairo.
Cerca de l0h, duas baterias egípcias, localizadas nos flancos do Campo Brasil, abriram fogo, tendo 20 minutos depois sido destruída por tiros de contra-bateria seguidos de bombardeio aéreo.
- A certa altura já havia sido dada a ordem ao Btl para preparar abrigos e todas as viaturas foram organizadas em comboio, para um eventual abandono do Campo.
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- Também foi determinado à PTA-2 que procurasse ligação com o Brasil o que só foi conseguido às l4h l5min.
- As llh 15min, passaram a E e W do Btl.,duas colunas blindadas israelenses, tendo havido violenta troca de tiros entre os carros de combate e tropas de infantaria árabes. A incidência de tiros sobre o Campo Brasil foi ampla e de todas as direções.
- Nesta ocasião foi dada ordem à tropa para se abrigar no interior das barracas, onde a proteção contra tiros de A. A. seria maior, devido ao tipo de construção e onde os homens não seriam confundidos com os combatentes locais.
- Cerca de 11h foi recebida do QG da UNEF uma ordem determinando que o Btl., estivesse pronto para abandonar o Campo a partir de zero hora de 6 jun.
- Pouco depois foi recebida nova ordem desta vez determinando que o Btl estivesse em condições de abandonar o Campo 1hora após ordem para tal. Esta foi a última ligação que o Btl. teve com qualquer outro elemento fora de seu campo.
- Após o meio-dia passou outra coluna de carros de combate de Israel com novas e violentas trocas de tiros, sendo atingido o Campo Brasil de forma intensiva.
- As l3h l5min, em meio a um desses combates foi atingido o Cabo Carlos Adalberto Ilha de Macedo que faleceu às l3h 30min.
- A luta nas imediações do Campo prossegue com intensidade variável ao longo de toda a tarde, acentuando-se cada vez que passava um comboio israelense.
- Durante a noite de 5 para 6 prosseguiram os tiros de armas automáticas em toda a região e de artilharia e morteiro na cidade de Rafah.
- Por volta de 7h de 6 jun um comboio de intendência israelense penetrou no Campo Brasil, mas devido aos tiros de tropas egípcias, é obrigado a retira-se. Pouco depois uma patrulha israelense chega ao Campo Brasil. Só nesta manhã é que se tomou, de fato, conhecimento de que os israelenses tinham ocupado a região, pouco antes a situação estava por demais confusa especialmente devido à semelhança das cores dos carros de combate e uniformes dos beligerantes.
- Ás 9hl5min, a fim de melhor identificar o Campo, foi hasteada – com presença de Oficiais do Btl. A bandeira brasileira ao lado da da ONU.
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- Ás l6h foi efetuado, na antiga biblioteca, precedido de missa de corpo presente, o sepultamento do Cabo Ilha. Ás l9h45min, a 7ºia.Fzo. que estava Camp Rafah, chegou ao Campo Brasil num comboio, sob
Cmdo.do Maj. Vignoli.Esta Cia.teve duas baixas por ferimentos leves.
- Durante os dias 6 e 7 prosseguiram as operações nas proximidades do Btl., tendo os prédios sido atingidos numerosas vezes.
- No fim do dia 7 o fogo árabe era apenas de atiradores isolados, que foram sendo eliminados, de forma que a 8 a situação na área podia ser considerada calma.
- No dia 8, às 9h foi recebida uma mensagem do QG/UNEF, através do Hospital de Camp Rafah, informando que o Btl. Deveria embarcar em navio com destino a Chipre num porto israelense a 15km a norte de Gaza.
- Ás 11h foi restabelecido o contato com Gaza, Ás l7h30min chegaram ao Btl.os Oficiais e Praças que estavam em Gaza. Com eles veio a ordem para o Btl. Deslocar no dia seguinte para Gaza e em seguida para Israel, a fim de embarcar.
- No dia 9, ás 6h partiu o destacamento precursor para Gaza, Comandado pelo Maj
Rech.
- Ás 10h20min após arriar as bandeiras do Brasil e ONU, o Btl. Abandonou o Campo Brasil seguindo em comboio para Gaza. Aí chegando, recebeu ordem de não prosseguir nesse mesmo dia para Israel e de acantonar no HQ
Mess.
- No dia 10 ás 17h foi feita a exumação do corpo do Cb.Ilha.
- No dia 11, às 8h30min foi recebida ordem do QG/UNEF de deslocar, no dia seguinte, para o porto de
Ashdod-Israel, a fim de embarcar no Trt”SOARES DUTRA” que para lá fora dirigido.
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- No dia 12 às 6h parte de Gaza o destacamento precursor.As 7h30min o Btl. Partiu, em comboio, de Gaza, tendo atingido Ashdod às 10h30m.
- A tarde, com o Btl. Formado no porto de Ashdod, é passada em revista pelo
Gen.Cmt.UNEF e Embaixador Brasileiro em Israel, após o que foram condecorados, com a Medalha da UNE, ESTE Comando e os Oficiais brasileiros do
QG/UNEF.
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- Ás l7h o Btl. Inicia o embarque no Trt. ”SOARES DUTRA”, o qual deixa o porto de Ashdod às 20h40min. A carga do Btl. Acompanhada por uma escolta comandada pelo 1ºTem. IE
Wgner, segue a 13 para Chipre. No dia 29, no porto de Famagusta-Chipre, o Btl.recebe seus outros componentes que evacuados de Port Said, ali se encontravam.
(Colaboração do cabo Theodoro - 10º Cont. do
Btl. Suez.)